Quantos de vós é que estão já fartos de tentar ir para casa, faculdade, trabalho e não conseguem deslocar-se porque a CP está MAIS UMA VEZ em greve? Pois, exacto, calculo que sejam muitos. Sempre que olho para o visor de horários da CP a palavra que predomina dentro dessas "caixas pretas electrónicas" é SUPRIMIDO. Ora que tal SUPRIMIREM os ordenados dos maquinistas, que segundo consta, é superior em mais 5.000 euros anuais ao do resto da população? É que as únicas pessoas prejudicadas com estas greves sucessivas são os passageiros e não os capitalistas que mandam na CP. Os passageiros continuam a adquirir os seus passes mensais, mas a CP poupa nas despesas de manutenção dos comboios, pois estes nem sequer saem do sitio.
Em conversa com o meu avô, um senhor de 70 anos que já passou por muitas greves e manisfestações, um verdadeiro "homem da luta", ele falou-me de uma greve chamada a "greve da mala". Para quem não sabe, como eu também não sabia, a "greve da mala" foi uma greve feita pelos trabalhadores da CARRIS, durante o Estado Novo, devido à miséria de sálarios que ganhavam e outras condições de trabalho que não tinha. Foi apelidada a "greve da mala" pois os revisores da CARRIS andavam com uma malinha a tira-colo para vender os bilhetes de transporte. O que estes decidiram foi, ao invés de parar a circulação que só iria prejudicar os passageiros, não cobrariam o valor do transporte a ninguém. Desta forma, os patrões da CARRIS gastavam com as despesas de circulação e manutenção das viaturas, mas não obtinham lucro absolutamente nenhum. Como podem ver, não tinhamos só um país mais rico durante o Estado Novo, mas até as greves eram melhores. Acho que hoje pagamos o preço da liberdade, que tanto custou a ganhar aos nossos avós e pais mas que hoje é banalizada e tratada como um bem adquirido.
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