Eu vivo num bairrinho cheio de pessoas já de idade. É como se fosse uma pequena aldeia, embora já seja um dos locais de paragem de muita xungaria. Enfim... Os meus vizinhos dividem-se em dois grupos: os que vivem a sua vidinha sossegados e não se metem com ninguém, e os que não têm mais nada para fazer e só andam a cuscar e a falar da vida dos outros. É preciso notar que detesto pessoas cuscas! Dos 3 cafés que estão abertos no bairro, nenhum deles é imune à cusquice das velhas. Desde a vizinha do R/C (do meu prédio) esquerdo que passa o dia atras dos seus estores fechados, a espreitar quem entra e quem sai, o jovens vizinhos do prédio da frente que me obrigam a fechar os cortinados de cada vez que preciso de me vestir, a vizinha do 3º esquerdo (do meu prédio) que não deixa dormir ninguém por se deita às 7 da tarde e às 6 da manhã já está a fazer a sua vida normal como se todos os vizinhos estivessem já acordados, o maluco da praceta do lado que atira sacos de lixo gigantes para cima dos carros... enfim, é a loucura. Uma pobre idosa do prédio do lado que tem 3 filhos, todos três lhe deram desgostos: o filho é coxo e carocho, a filha do meio é uma viuva alegre (prostituta inclusive) e a filha mais nova andava metida na droga a ponto de ter ficado maluquinha, ter sido internada num hospital psiquiatrico e ter fugido. A filha do vizinho do 1º esquerdo que engravidou aos 15 anos de um drogado apesar de namorar com o vizinho do prédio da frente, descobriu mais tarde que è lésbica e vive com um autentico "camionista", se é que me faço entender.
Hoje deu-me para fazer aquelas limpezas colossais, ou seja, deitar muita merda fora! Na minha terceira demandada até aos contentores do lixo, uma mulherzinha dirige-se a mim a pergunta-me: "este quadro era é seu?", ao que eu respondo: "era, agora já o deitei para o lixo"! É preciso notar que era um quadro super fora de moda, cheio de manchas, mesmo a dar as ultimas. "Ah, mas é tão bonito! Não leva aí mais nada?" diz ela a olhar para a quantidade de lixo que eu levava dentro de um cesto. Epah, eu sei que estamos em tempos de crise mas também não é preciso aproveitar o lixo!
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